domingo, 14 de abril de 2013

Bherona e o Matadouro (by E.D.M)


     Bherona já estava caminhando há bastante tempo sem encontrar o caminho de volta para a casa grande da fazenda de seus avós. O céu começava a ficar violeta no horizonte e os grilos fazendo sua algazarra costumais ao entardecer. A única coisa que ela conseguia ver de familiar era o antigo prédio do abatedouro de seu avô, perdido naquela imensidão verde e, abandonado.
     Aquela construção lhe causava as mais estranhas sensações desde que era muito pequena. O cheiro de sangue, os mugidos lamentosos dos bois condenados à morte, e todo o aparato dos homens que trabalhavam lá. O lugar foi a sua fonte de terror e fascínio. Quando ela alcançou a adolescência, seu querido avô morreu, e as cabeças de gado restantes foram vendidas. Sua cabanha de gado, então, desativada. Nunca Bherona quis saber do destino daqueles homens que lá trabalharam, e, tampouco se interessou pela fazenda todos esses anos, mas desta vez, resolveu passar as férias lá com seus pais. Seu marido, um administrador hospitalar atarefado, ficou na cidade trabalhando, e, então, lá estava ela perdida no lugar que mais temeu em sua vida.
     A noite cai rápido no campo, e é assustadora, com todos os seus sons e o breu escuro sendo riscado apenas pelos vaga-lumes que permeiam pelos campos. Uma silhueta morta era vista ainda unindo o céu e o chão. Bherona hesitou, mas a aragem noturna e os mosquitos sedentos a forçaram correr para lá, aproveitando a luz escassa que se apagava.
     Bherona entrou no matadouro... Um misto de lembranças invadiu sua mente, não conseguia enxergar, mas a primeira coisa que sentiu foi o cheiro. Respirou fundo e se deixou levar por todos os fantasmas que se reviram em sua alma. Sangue... Sangue fresco... Espere! Ela pensou: Esse lugar está abandonado há anos! Como pode cheirar a sangue fresco!
     Estava assustada, cega naquela escuridão e sentindo o odor de algo que havia morrido a pouco tempo por ali. Medo... O que faria? Sua caminhada despretensiosa no campo havia se transformado em um pesadelo, até mesmo o celular não tinha sinal lá.  
     Estava perdida...
     Bherona estava ainda pensando no que fazer, quando ouviu ruídos... Alguma coisa estava sendo arrastada. E para perto dela! Começou a recuar, encostando-se na parede para evitar uma queda, sentiu algo pegajoso nas mãos e braços, aproximou-os do nariz lentamente, e cheirou... Sangue! Tinha sangue por todo o lado e estava coberta dele, mas o cheiro era um pouco diferente...  Esse era mais férreo, não tinha aquela “murrinha”  do sangue dos bois... Estranho... Os ruídos aproximaram-se dela mais ainda, junto com eles, passos...
      Passos muito próximos a ela...  
     O cheiro daquele sangue tornou-se diferente. Havia algo mais... Algo mais denso, ocre. As narinas de Bherona abriram-se como de um animal que fareja algo, Ela estava com medo, sim, claro que estava! Mas não entendia o que estava acontecendo com seu corpo e sua pisque, o cheiro entranhava-se em suas narinas e lhe paralisava... Foi quando sentiu...
     Uma mão forte lhe levantou pelos cabelos e ela gritava de pavor, tentou se debater e suas mãos escorregavam em um corpo musculoso, masculino e coberto por algo pegajoso, provavelmente, sangue também!
     O homem segurou-a encostada ao seu peito, esfregando seu rosto ao corpo dele, na barriga e descendo até a altura de sua virilha. Bherona sentiu que ele tinha cabelos longos e lisos e estava completamente nu, pois os pêlos pubianos dele roçaram levemente seus lábios. Mas o cheiro... O cheiro do corpo dele misturado ao sangue era algo que ela jamais pensou que pudesse exercer um efeito tão poderoso sobre ela! O pavor era real! E a excitação também! Quem era ele? Quem ele havia matado? Ele a mataria também? Um turbilhão de dúvidas passava-se na mente dela, enquanto aquele homem a subjugava no chão, rasgando seu delicado vestido floral e suas calcinhas.
     Não enxergava nada! Ouvia apenas a respiração ofegante dele e os próprios gritos, que ecoavam solitários na imensidão daquela noite, sentia as pontas dos seus cabelos encostando suavemente nos mamilos dela, que ficavam rígidos e aquelas mãos rudes apertando seus pulsos e a agarrando brutalmente. Ele começou a lambê-la... Lambê-la como um animal, um lobo, um cão. Aquela língua quente passou por seu pescoço, seus seios e umbigo, indo deleitar-se em sua vagina. Ele a imobilizava com os braços fortes, e, Bherona, totalmente indefesa, sentia aquele estranho explorar toda a sua intimidade com a boca. Seu corpo respondia com uma carga de lubrificação, e aparentemente suas secreções eram um atrativo irresistível para ele. Soltou-a. Bherona não tinha mais medo. Nem raciocinava mais... Era apenas uma fêmea no cio obedecendo ao chamado da natureza. Da sua natureza. Ela continuou esfregando-se nele, sentindo seu corpo cheirando e lambendo cada parte que podia, sentindo o sabor do sangue e o cheiro do seu pênis deliciosamente grosso e ereto, passou a língua trêmula por seus testículos, e virou-se de quatro como uma cadela pronta para ser penetrada... Foi o que ele fez... A penetrou em pé, por trás, como um bicho selvagem. Bherona sentia apenas prazer. Seus gritos apavorados haviam  se transformado em gemidos histéricos. Enquanto a penetrava na vagina por trás, ele passou seu braço na frente do corpo dela e tocou seu clitóris, massageando com os dedos para intensificar-lhe o prazer, e, bastou para que ela gozasse intensamente, como jamais havia acontecido em toda a sua vida. Nunca sentiu tanto prazer, como naquele momento, com um desconhecido coberto de sangue, que ela n via nem o rosto!
     Quando ela terminou, virou-se de frente para ele ajoelhada começou a sugar-lhe de maneira voraz. Deliciando-se com o cheiro e o sabor dele. Segurava as coxas e o escroto enquanto mantinha seu pênis na boca. Não tardou a um gemido abafado anteceder ao gosto forte de seu esperma, colocando seu bizarro amante de joelhos, com as pernas trêmulas. Ela engoliu tudo, lambeu-se como se estivesse bebendo um néctar...
     Mas quando toda aquela loucura acabou,  Bherona voltou a sentir medo e caiu novamente na realidade. Tentou falar, mas sua voz não saía, apenas levou sua mão ao rosto dele, mas foi impedida de maneira delicada, mas muito firme. Sentia-se fraca e tonta. Não sabia que horas eram, nem quanto tempo se passara. Caiu ao chão e desmaiou com aquele homem   acariciando seus cabelos...
     De súbito despertou! Conseguia ver alguma coisa, pois os primeiros raios rosados timidamente iam surgindo. O susto que levou foi imenso. Seu corpo nu, coberto de sangue! E uma carnificina parecia haver ocorrido no local! Era sangue e pedaços para todo o lado! Pedaços humanos! Mas o cheiro era... Ótimo! Bherona estava mais apavorada com ela mesma, com o que estava prestes a se tornar, mas era mais forte do que ela! Um espírito selvagem debatendo-se no seu negro coração, que ela desconhecia totalmente! Ela aproximou-se de algo grande, sangrento e redondo... Uma cabeça! Chorava, mas n conseguia parar. Olhou. Uma cabeça masculina. De quem seria? Algum antigo trabalhador do matadouro? E o estranho da noite? Havia sido ele quem lhe deixou esse “presente”, provavelmente! Pensando isso, Bherona deu a primeira mordida no rosto da cabeça decepada...
     E assim... Bherona provou carne humana pela primeira vez...
                                 
                                      (CONTINUA...)





AUTORA: E.D.M.  (COLABORADORA E FÃ DO BLOG)

2 comentários:

Eddie disse...

Delicioso esse conto..


Layla Winckler disse...

Aquele gosto de quero mais...